Opinião
Lixo e crise climática: uma relação ignorada
Tudo indica que eventos climáticos extremos como os que tivemos no Rio Grande do Sul nos últimos meses serão cada vez mais frequentes. O alerta de meteorologistas para uma incidência ainda maior de ciclones, chuvas intensas e inundações é preocupante. E exige, sobretudo das autoridades, uma resposta rápida na elaboração de planos de prevenção.
Todos nos solidarizamos com as cheias que assolaram o Vale do Taquari em setembro. Vidas foram perdidas, milhares de famílias foram afetadas, e a população da região até agora luta para retomar um pouco da normalidade de antes da tragédia. Momentos como esse, de tanta dor, são muito traumáticos, mas também nos fazem pensar como nós podemos contribuir para reduzir esse tipo de situação.
Muitas vezes, pode parecer que estamos de mãos atadas diante de algo que foge do nosso controle, como a força devastadora da natureza. Mas não é bem assim. Ao mesmo tempo em que cobramos ações dos governos, nós, como sociedade, precisamos também nos organizar para buscar soluções para mitigar o impacto que nós causamos no planeta. E muito disso passa pela responsabilidade ambiental.
Entre os fatores que contribuem para o desequilíbrio que estamos testemunhando estão queimadas, desmatamentos, poluição e também algo que ainda se aborda pouco: as emissões de gases pela decomposição do lixo. O metano, principal gás produzido neste processo, é um dos maiores responsáveis pelo efeito estufa, fenômeno que está diretamente ligado às mudanças climáticas que ocasionam, entre outros estragos, cheias como as que vimos aqui no estado.
O descarte correto de lixo e, principalmente, sua destinação adequada, em aterros sanitários, com a captura e a queima do metano, é fundamental no combate às consequências das mudanças climáticas. Infelizmente, no Brasil, hoje, mais de um terço dos municípios ainda mandam seus resíduos sólidos para lixões, onde não há nenhum tipo de tratamento dos gases ou proteção ao solo.
Reciclar, conhecer o destino do nosso lixo e cobrar dos nossos gestores municipais as melhores práticas na gestão de resíduos devem ser compromissos de cada um de nós, cidadãos. Pelo bem das nossas cidades e da sustentabilidade do nosso planeta. E, também, pelas pessoas mais vulneráveis, que são as vítimas recorrentes dos eventos climáticos.
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